Não te quero beijar agora

Não te quero beijar agora. Quero fazê-lo quando te desamordaçares. As tuas amarras ferem-me os lábios, trilham-me a língua com tantas mentiras e falsidade.

Gostas . . . ou queres que eu te minta? Queres sentí-lo com todo o seu sabor amargo?

Faço-o sem a menor pena de ti, como se nada fosses ou importasses, como se nada mais importasse que não seja a minha mentira! . . . mas sempre só para te agradar!

É fácil sentir a minha mentira, basta que eu não o saiba fazer tão bem como tu, ou dizer a verdade como tu a dizes. Ambas vão soar a falso que é o que tu mereces! . . . ou não!

Sabes como eu te amo, como eu desespero por não te poder ter, como eu gosto de ser tua, simplesmente tua . . . apesar de eu ser muito mais minha.

Não quero que te desprendas de mim como se eu nada fosse, porque se sou o que sou, assim o fizeste.

Deixaste-me presa aos teus braços e deles quero fugir agora.

Não te quero mais . . . ou muito mais!

És descaradamente mínimo, quase poucaxinho, pouco ou nada tens a oferecer que não seja essa minimalista e barata cantilena, convencido que consegue encantar serpentes com o som de pano a ser rasgado . . . a quem descobre que afinal não quer ser seduzida, apenas que se deixa mentir a si mesma!

Não quero te quero beijar agora . . . não vês que a tua fraqueza me incomoda? És fácil demais, não tens crivo, tudo o que mexe te acorda! O que inaltece isso?

Ainda não aprendeste que há crivos, que quando qualquer uma te acorda, todas são uma qualquer. . . então . . . aos teus olhos sou uma qualquer!

Não és um qualquer, és apenas mais um que não vê que é mais um!

Mas sabes em que és mais um?

Vou deixar-te descobrires a resposta, vou dar-te a oportunidade de deixares de ser, nisso, mais um!

Sabes o que é o "nisso"? Não é fácil descobrir, pois não?

Eu vou querer beijar-te muito nesse agora em que descobrires o que é isso, no momento em que souberes que o isso é tudo aquilo que eu já descobri antes de ti . . . mas consegues descobrir o que é que eu descobri?