quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Coisas da Vida . . .

Quando criei este blogue pensei em coisas da vida, pensei em escrever coisas que pertencessem à vida, coisas que acontecem, ou na realidade no são fruto da minha imaginação com base na realidade em que tenho vivido, em coisas que até fazem rir. . . mas agora . . . confesso que a minha verdadeira vontade não é de rir!
Desde que criei este blogue aconteceram tantas coisas que a maioria as perdi de conta. Vivi muitas coisas boas, muitas mais das más, desilusões, decepções, desgostos profundos e ao que parece a nuvem negra ainda paira no ar!
Desemprego, relações familiares que ninguém deseja, problemas de saúde, entre outras coisas.
Agora pergunto, mas que raio se passa com o relógio biológico que nos faz ignorar todos e quais quer problemas, mais graves ou menos graves, e nos cega no desejo de sermos pais?
Mas será que o relógio biológico é cego a este ponto???
Sim, estou com 33 anos, amava ser mãe não porque os bébes são amorosos, mas porque sinto uma necessidade desgraçada de salvar alguém!
É estranho, mas faz sentido!
Transmissão não da genética, mas sim de conhecimento, de tudo aquilo que aprendi!
Não quero morrer e sentir que a minha vida foi em vão, que tudo o que sofri e que aprendi irá ficar apenas comigo. Penso que aprendi coisas demasiado importantes para serem enterradas comigo, sem que alguém na flor da vida possa tirar proveito delas e sentir que eu amo essa criança que um dia será um adulto.
Quero muito ser mãe e juntar esse facto às coisas da vida que escrevo. Quero dar o que nunca recebi de quem amaria ter recebido; apesar de tudo recebi alguma coisa, mas não o suficiente para nunca entrar em depressão ou ajudar-me a sair dela!
Quero ter a certeza de que valeu a pena ter vivido; quero ter a certeza que há pessoas cujo sofrimento não é em vão.
"Tens uma fatalidade nessa áera (campo afectivo) . . . " dito como se não fosse nada do outro mundo . . . realmente há coisas piores, é um facto, estar a morrer de uma doença sem cura, passar fome e frio ao relento e ou ser turturado, seja sob que forma for, é realmente um facto!
Mas porque existem outras dores e sofrimentos, aquilo que para nós é fundamental na nossa vida e em que temos um "fatalidade" é de se achar igual a ter-se uma borbulha que chateia? Mesmo que nos dê muito sofrimento?
Mas afinal o que vale mesmo nesta vida?
Pois bem, descobri ao experenciar um pouco o papel de mãe. Finalmente senti que a final ainda existem coisas neste mundo que nos façam agarrar à vida, a maternidade.
Descobri que neste momento se tivesse muito dinheiro, mesmo que não tivesse ninguém, que adoraria gerar um filho ou adotar uma criança; realmente a capacidade que um ser humano tem de dar amor, carinho e educação, mesmo a um ser de quem não seja progenitor, é realmente grande, existe e tem um poder tão forte como o que leva a fazer um filho.
Sim, estou com o relógio biológico a gritar desesperadamente, como um cavalo solto, desenfreado, à solta!
Só a maternidade consegue com que uma mulher olhe para o mundo de uma forma diferente; pena que os governantes do mundo não olhem os seres humanos como seus filhos, com o mesmo desejo de uma mãe de ver a sua cria crescer forte, feliz e saudável!



2 comentários:

  1. Foi dos posts mais sentidos que te vi escrever...

    Espero que não vejas isto como um comentário infeliz. Cá vai:
    havia há uns tempos um profeta, que dizia que o mundo ia acabar e só os que se juntassem ao seu culto seriam poupados. Na data designada, obviamente, o mundo não acabou. A resposta dele foi que tínhamos sido todos poupados pelas acções extraordinárias do seu culto, essas pessoas iriam dar origem a uma geração de salvadores (imaginários).

    Depois disto tudo lol: pareces-me depositar muita esperança na maternidade para dar sentido à tua vida, mas quantos filhos bem cuidados não degeneram e se revoltam contra os progenitores? Lembras do que me disseste quando te conheci? - "Eu mudei a tua vida" - e facto é que mudaste, há poucas pessoas como tu por aí. Quem sabe se com dinheiro, ou sem ele, não venhas a ter mais desse impacto numa criança? Provavelmente, mais do que ela em ti.

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